Olá caros colegas de curso! Vários estudantes da UERJ enviaram trabalhos para o ENECS. Para que esse esforço todo não ficasse só para quem pode ir ao encontro, resolvemos publicar aqui no blog a produção dos estudantes. Até agora os que nos enviaram foram, em ordem alfabética:
Elaine dos Santos da Silva - O artesão das ruas: o artesanato como expressão de identidade
Felipe Magalhães Lins Alves - Lideranças femininas em cultos evangélicos nos trens urbanos do Rio de Janeiro
Rodrigo Reduzino - Estudo da interseccionalidade de raça, gênero e sexualidade da ‘Rua da Lama’
Sabemos que outros estudantes também enviaram trabalhos, e já pedimos a esses também que nos enviem. Vamos postando os trabalhos aqui de pouco em pouco.
Vamos colocar primeiro o trabalho da Elaine. Segue a introdução e, ao final, um link para que quem quiser possa baixar o trabalho completo em pdf.
Elaine dos Santos da Silva - O artesão das ruas: o artesanato como expressão de identidade
Felipe Magalhães Lins Alves - Lideranças femininas em cultos evangélicos nos trens urbanos do Rio de Janeiro
Rodrigo Reduzino - Estudo da interseccionalidade de raça, gênero e sexualidade da ‘Rua da Lama’
Sabemos que outros estudantes também enviaram trabalhos, e já pedimos a esses também que nos enviem. Vamos postando os trabalhos aqui de pouco em pouco.
Vamos colocar primeiro o trabalho da Elaine. Segue a introdução e, ao final, um link para que quem quiser possa baixar o trabalho completo em pdf.
O artesão das ruas: o artesanato como expressão de identidade
Introdução
O movimento hippie que surgiu nos anos 60 na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos, trazia em seu cerne uma proposta de mudança nos padrões de comportamento da sociedade americana. Tal fenômeno influenciou não só as pessoas do seu tempo, mas seus valores estão ainda presentes na contemporaneidade. Assim, os jovens americanos iniciaram o movimento hippie, tendo como bandeira “faça amor não faça guerra”. Estes protestavam contra a guerra do Vietnã bem como os hábitos da sociedade de consumo americana. Seus longos cabelos e barbas e uma vida desprendida da busca por bens materiais era a marca registrada destes. Nos dias atuais ainda é possível encontrar os herdeiros deste movimento andando pelas ruas, vendendo seus “trampos” e tendo um estilo de vida diferente da maioria.
O objetivo central deste trabalho é compreender como o grupo de artesão que se concentra ao lado do cinema Odeon, na Cinelândia, se identifica. Descobrir se eles se reconhecem como um grupo e tentar identificar as influências do movimento hippie que surgiu nos anos 60.
As informações que coletei para a realização deste trabalho se baseiam na observação participante bem como de diálogos onde eu fazia algumas perguntas que me eram fundamentais para entender a visão de mundo deles. Durante quinze dias passei as tardes de segunda a sexta com eles. Eles foram muito receptivos posto que fui apresentada a eles por um amigo artesão familiarizado com este universo. A despeito disto quando eu me aproximava eles me viam como compradora em potencial. Isto me ajudou bastante no decorrer da pesquisa. Em uma das vezes que estive lá um dos artesãos me disse que me ajudaria se eu o ajudasse também. “Minhas peças custam no mínimo cinco reais, você me ajuda que eu ajudo você”. (Cristiano). Este foi o único que me propôs fazer esta troca caso contrário ficaria difícil continuar com o trabalho uma vez que eu não teria verba para comprar sempre que perguntasse algo. Entretanto é importante ressaltar que todos tentavam me seduzir para que eu comprasse alguma peça deles. O carisma é fundamental na abordagem deles para a venda dos trampos.
O fato de ser mulher por um lado me ajudou na receptividade uma vez que este universo é essencialmente masculino. Por outro lado, no decorrer das conversas também atrapalhou pois alguns deles tentavam flertar comigo enquanto eu me esforçava para direcionar a conversa visando encontrar respostas. Algumas vezes eu precisava me retirar, pois ficava uma situação desconfortável para mim e eu percebia que o melhor a fazer era voltar no outro dia.
O grupo em questão é bem heterogêneo. Ele vem de estados e países distintos; o nível de escolaridade também é diverso desde o primeiro grau incompleto até o superior. As idades são próximas, variando de 22 a 30 anos. É importante ressaltar que eles não ficavam lá por muito tempo. Ou seja, a cada dia que eu ia lá eu conhecia alguém diferente e não encontrava os que eu já conhecia. O que me fez concluir que aquele lugar era nitidamente um lugar de passagem. No primeiro dia que fui a campo conheci Juam. Este chegou até mim e perguntou se eu gostaria de olhar o trabalho dele. Aproveitei que fui abordada e iniciei uma breve conversa com o rapaz. Ele me disse que era chileno e havia saído de seu país e que tinha adotado este estilo de vida porque queria “conhecer o mundo”. É interessante ressaltar que existem muitos estrangeiros neste universo.
Em suma, esta humilde etnografia busca compreender qual o sentido do artesanato no que tange a construção da identidade deste grupo; bem como a relação que eles estabelecem entre si e a visão que tem da sociedade.
O objetivo central deste trabalho é compreender como o grupo de artesão que se concentra ao lado do cinema Odeon, na Cinelândia, se identifica. Descobrir se eles se reconhecem como um grupo e tentar identificar as influências do movimento hippie que surgiu nos anos 60.
As informações que coletei para a realização deste trabalho se baseiam na observação participante bem como de diálogos onde eu fazia algumas perguntas que me eram fundamentais para entender a visão de mundo deles. Durante quinze dias passei as tardes de segunda a sexta com eles. Eles foram muito receptivos posto que fui apresentada a eles por um amigo artesão familiarizado com este universo. A despeito disto quando eu me aproximava eles me viam como compradora em potencial. Isto me ajudou bastante no decorrer da pesquisa. Em uma das vezes que estive lá um dos artesãos me disse que me ajudaria se eu o ajudasse também. “Minhas peças custam no mínimo cinco reais, você me ajuda que eu ajudo você”. (Cristiano). Este foi o único que me propôs fazer esta troca caso contrário ficaria difícil continuar com o trabalho uma vez que eu não teria verba para comprar sempre que perguntasse algo. Entretanto é importante ressaltar que todos tentavam me seduzir para que eu comprasse alguma peça deles. O carisma é fundamental na abordagem deles para a venda dos trampos.
O fato de ser mulher por um lado me ajudou na receptividade uma vez que este universo é essencialmente masculino. Por outro lado, no decorrer das conversas também atrapalhou pois alguns deles tentavam flertar comigo enquanto eu me esforçava para direcionar a conversa visando encontrar respostas. Algumas vezes eu precisava me retirar, pois ficava uma situação desconfortável para mim e eu percebia que o melhor a fazer era voltar no outro dia.
O grupo em questão é bem heterogêneo. Ele vem de estados e países distintos; o nível de escolaridade também é diverso desde o primeiro grau incompleto até o superior. As idades são próximas, variando de 22 a 30 anos. É importante ressaltar que eles não ficavam lá por muito tempo. Ou seja, a cada dia que eu ia lá eu conhecia alguém diferente e não encontrava os que eu já conhecia. O que me fez concluir que aquele lugar era nitidamente um lugar de passagem. No primeiro dia que fui a campo conheci Juam. Este chegou até mim e perguntou se eu gostaria de olhar o trabalho dele. Aproveitei que fui abordada e iniciei uma breve conversa com o rapaz. Ele me disse que era chileno e havia saído de seu país e que tinha adotado este estilo de vida porque queria “conhecer o mundo”. É interessante ressaltar que existem muitos estrangeiros neste universo.
Em suma, esta humilde etnografia busca compreender qual o sentido do artesanato no que tange a construção da identidade deste grupo; bem como a relação que eles estabelecem entre si e a visão que tem da sociedade.