Em abril rememoramos o golpe de 64, ainda que não seja uma data "redonda". Lembramos uma época em nossa história em que as amarras de um regime ditatorial calaram os que lutavam por um mundo diferente. Ao olhar para trás, é surpreendente que não nos revoltemos ao ver hoje em dia manifestantes apanhando da polícia por buscar seus direitos, como feito recentemente na mobilização dos professores, ou estudantes sendo questionados quanto ao seu nome/curso e sendo filmados, como ocorrido no último Conselho Universitário.
Mais do que isso, é surpreendente que não vejamos relação da repressão com o que ocorre hoje nas comunidades do Rio de Janeiro, onde pessoas "desaparecem" e algumas vezes são achadas mortas e outras não. Nesse último caso, sequer fornecem à família da vítima a possibilidade de velar pelos seus mortos. O autor do crime não é mais o DOPS, mas pode ser a PM, o tráfico ou a milícia. Quem financia talvez ainda sejam os mesmos, como nos mostram diversos artigos e filmes que relacionam a ditadura ao financiamento de grandes corporações privadas, e os trabalhos mais recentes que mostram a quem serve essa política de repressão nas favelas cariocas.
Segue abaixo um interessante trabalho fotográfico sobre desaparecidos da ditadura na Argentina. entre 1976 e 1983. Seria possível fazer um trabalho parecido com os desaparecidos da ditadura brasileira ou, hoje, com os "novos" desaparecidos, vítimas de repressão e descaso em nossa cidade. Que sirva não só para o passado, mas para nossa prática no presente. Para que não se esqueça. Para que nunca mais aconteça.
Tiago Amaro - 5° período de Ciências Sociais