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Universidade
do Estado do Rio de Janeiro
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PROGRAMA DA DISCIPLINA
1-DISCIPLINA
TÓPICOS ESPECIAIS EM
ANTROPOLOGIA XXXII- Performance e Imagem
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PROFESSOR: Marcos Albuquerque
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HORARIO: 4ª T2/T5
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CÓDIGO:IFCH02 10709
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CARGA HORÁRIA: 60hs
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CRÉDITO(S): 04
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PRÉ/CO-REQUISITO: T.A. II
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ANO: 2013
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SEMESTRE: 02
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CENTRO:
CS
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UNIDADE:
IFCH
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CURSO:
Ciências Sociais
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DEPARTAMENTO:
DPCIS
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2-EMENTA
Richard Bauman entende por ato
performático um evento comunicativo no qual a função poética é dominante e
onde se produz a sensação de estranhamento em relação ao cotidiano. A
performance é sempre um evento situado num contexto particular, construído
pelos participantes, onde estão definidos papéis e maneiras de agir e
falar. Como defende Schieffelin,
diferentemente dos estudos clássicos sobre rituais, o paradigma da
performance não procura construir interpretações a partir do conteúdo
semântico dos símbolos, pelo contrário, atenta para o temporário, o
emergente, a poética, a negociação de expectativas e a sensação de
estranhamento do cotidiano. A função poética do ato performático ressalta o
modo de expressar a mensagem e não o seu conteúdo.
Do ponto de vista dessa estrutura
formal a performance é uma categoria universal, pois corresponde a eventos
que acontecem em todas as culturas. E, sendo a cultura necessariamente
pública, pois coletiva, ela é passível de ser inscrita, representada. Essa
representação é linguagem e como linguagem ela pode ser um traço visível, por
exemplo, a imagem. Portanto, a imagem é um dos planos privilegiados para
pensar teoricamente a cultura, pois a imagem jamais é um ato de pensamento
sem sujeito. A imagem como cultura mostra a forma do social, essa estética
social é um dos aspectos por excelência do plano das análises da performance.
Nesse sentido, este curso de Performance e Imagem tematiza a relação entre
esses dois campos de estudo e aponta para suas interseções e problematizações,
principalmente com relação aos estudos contemporâneos sobre arenas
interculturais.
No atual contexto pós-colonial,
como propõe Bauman e Briggs, o campo da performance deve examinar
criticamente os eventos performáticos com relação a recursos estilísticos
heterogêneos, significados contextualizados e ideologias conflitantes que
emergem em momentos de crises e mudança. Momento onde a dialogicidade,
contextualização e intertextualidade são expressão de negociações de poder na
promoção e reinvenção das tradições. Desse modo, a análise passa da
preocupação com padrões normativos e conteúdos simbólicos para a emergência
dos significados na interação social, inclusive em situações específicas que
envolvem atores e interesses bastante heterogêneos. Nesta perspectiva, as
negociações do poder se realizam através da poética e da política do discurso
e da imagem.
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3-AVALIAÇÃO
A
disciplina será conduzida através da apresentação dos textos e filmes pelo
professor. Após a apresentação @s estudantes serão convidad@s a exporem suas
impressões e dúvidas sobre o texto e/ou filme.
Tod@s
@s estudantes deverão participar dos debates e leituras.
A
avaliação será realizada através de resenhas críticas e trabalho, além da
participação e frequência em sala de aula.
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4-CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO
01 ª aula
Apresentação
do Curso
I Parte: Antecessores... e Paralelos
02 ª aula
Introdução: A troca e o rito (política, objetos,
imagens e encenações)
MAUSS,
M. (1974) [1923 - 24]. Ensaio sobre a Dádiva. Forma e razão da troca nas
sociedades arcaicas. In: Sociologia e Antropologia. v.II. São Paulo: Edusp.
Filme:
The Feast
(1970). Dir.: Timothy Asch.
03 ª aula
Sociedade e
Política: Espetáculo e Rito
GEERTZ,
Clifford. (1980). Capítulo IV – Afirmação política: Espetáculo e cerimônia.
In: O Estado-Teatro no século XIX. Lisboa.
______,
Clifford. (1989). A Briga de Galos em Bali. In: A interpretação das culturas,
Rio de Janeiro: LTC Editora.
Filme:
The Cockfight
(1996). Dir.: Jud T. Marrs
04 ª aula
Imagem e Persona: Estudos de Performance e Ritual
SAMAIN,
Etienne. Balinese Character (re)visitado. Uma introdução à obra visual de G.
Bateson e M. Mead. In ALVES, André Os
Argonautas do Mangue. Campinas: ed. UNICAMP, 2004, p. 17-80.
Leitura
Complementar:
BRANDÃO,
Ranieri. (2011). Um espelho no Haiti. In: Filmologia [disponível em: http://www.filmologia.com.br/?page_id=3116]
Filmes:
First Day New Guinea Baby; Childhood Rivalry; Trance
and Dance in Bali; An ecology of mind. [Dir.: M. Mead & G. Bateson]
Im Spiegel der Maya Deren [Dir.: Martina Kudlacek,
2002].
05 ª aula
A Antropologia da Dança.
HANNA,
Judith Lynne. (1999). Dança, Sexo e Gênero: Signos de Dominação, Desafio e
Desejo. Rio de Janeiro: Rocco, pp. 27-78.
Filme: Vários Videodança
06 ª aula
A imagem-ritual de Rouch
GONÇALVES,
Marco Antonio. (2008). Filme-ritual e etnografia surrealista: os mestres
loucos de Jean Rouch. In: O real imaginado: etnografia, cinema e surrealismo
em Jean Rouch. Rio de Janeiro: Topbooks.
CAIXETA DE
QUEIROZ, Ruben. Jean Rouch: o sonho mais forte que a morte. Devires. Belo
Horizonte, v. 2, n. 1, p. 110-147, jan-dez, 2004.
Leitura
Complementar:
QUILICI,
Cassiano S. (2004). Antonin Artaud: Teatro e Ritual. São Paulo: Annablume;
Fapesp. [Cap. 01 e 04].
Filme: Os mestres
loucos (1955). Dir.: Jean Rouch.
II Parte: A
constituição do campo da Performance
07 ª aula
Imagem: ícone,
símbolo e ritual
VAN GENNEP,
Arnold. (2011). Os ritos de passagem. Petrópolis. Editora Vozes.
TURNER,
Victor. (2008). Dramas, campos e metáforas. Ação simbólica na sociedade
humana. Niterói.
EDUFF.
08 ª aula
Performance e
o pós-modernismo
LANGDON,
Esther Jean. (2007). Performance e sua Diversidade como Paradigma Analítico:
A Contribuição da Abordagem de Bauman e Briggs. Antropologia em primeira mão.
Florianópolis. PPGAS/UFSC.
BAUMAN, Richard e BRIGGS, Charles. 20?. “Poética e Performance como perspectivas
criticas sobre a linguagem e a vida social.”
Ilha. Revista de Antropologia.
n? v.??185-229.
Filmes:
Os
Catadores e Eu (2000). Dir.: Agnès Varda.
Gatos
Empoleirados (2004). Dir.: Cris Marker
Ensaio
fotográfico:
Pañuelos. De Fernando de Tacca.
09 ª aula
Fronteiras Étnicas: invenção de tradições e
performance.
ALBUQUERQUE,
M. (2011). Introdução: A Cena; Capitulo VI – Ato Performático: Política
Cultural e Experiência da Etnicidade. In: O regime imagético Pankararu:
Tradução intercultural na cidade de São Paulo. Tese de Doutorado, PPGAS/UFSC.
Filmes:
The Shutka
Book of Records (2005). Dir.: Aleksandar Manic.
São
Paulo: A terceira margem Pankararu (2009). Dir.: Marcos Albuquerque
10 ª aula
Pós-Colonialismo: imagens e alteridade.
SHOHAT, Ella e
Robert STAM. 2006. 1:
Do eurocentrismo ao policentrismo.” In: Critica a Imagem Eurocêntrica. São Paulo, p11-88.
Filmes:
Trobriand
Cricket: An Ingenious Response to Colonialism (1976). Dir.: Jerry W. Leach
Cannibal Tours
(1988). Dir.: Dennis O'Rourke
The Couple in
the Cage. Dir.:
Paula Heredia & Coco Fusco (1997).
11 ª aula
Performatividade: Estratificações sociais...
gênero, raça, classe...
BUTLER,
Judith. (2003). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade.
Rio de Janeiro. Civilização Brasileira.
Filmes de Trinh T.
Minh-Ha e Marguetire Duras.
12 ª aula
Rito e Imagens
cruzadas: a produção social da diferença
TACCA,
Fernando de. (2009). Imagens do sagrado: entre Paris Math e O Cruzeiro.
Campinas, SP: Editora da Unicamp, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.
13 ª aula
Performance,
Teatro,... Rua!
SCHECHNER.
R. (2012). A rua é o palco. In:
performance e antropologia de Richard Schechner. Rio de
Janeiro; Ed. Mauad X, pp. 155-198.
____________,
R. (2011). Pontos de contato entre o pensamento antropológico e teatral.
Cadernos de Campo (USP), São Paulo, n. 20, 2011, p. 213-236.
Vídeos:
Performances
de Hélio Oiticica.
"Poro:
intervenções urbanas e ações efêmeras".
Nós
te saudamos Sarajevo. De Jean-Luc Godard.
La 6ème Face du Pentagone
(27mn) Dir.: Chris Marker et François Reichenbach
14 ª aula
Etnoficção
PIAULT,
Marc Henri. Real e ficção: onde está o problema? In: KOURY, Mauro Guilherme
Pinheiro (org.). Imagem e Memória: ensaios em Antropologia Visual. Rio de
Janeiro: Garamond, 2001.
GONÇALVES,
Marco Antonio. O real imaginado: etnografia, cinema e surrealismo em Jean
Rouch. Rio de Janeiro: Topbooks, 2008. (capítulo 2).
Filme:
My Kid Could Paint That (2007). Dir. Amir Bar-Lev.
Transfiction.
Dir.: Johannes Sjöberg
Eu,
um negro. Dir.: J. Rouch
15 ª aula
Discussão
dos Trabalhos Finais*
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O trabalho final é de temática livre, porém deve ser redigido em diálogo com
os temas do curso. Entre 15-20 laudas.
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