Pesquisar este blog

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

ELETIVA 2013/2



Descrição: C:\Trabalhos\logos UERJ\uerj preto.bmp
Universidade do Estado do Rio de Janeiro


PROGRAMA DA DISCIPLINA


1-DISCIPLINA

TÓPICOS ESPECIAIS EM ANTROPOLOGIA XXXII- Performance e Imagem
PROFESSOR: Marcos Albuquerque
HORARIO: 4ª T2/T5
CÓDIGO:IFCH02 10709
CARGA HORÁRIA: 60hs
CRÉDITO(S): 04
PRÉ/CO-REQUISITO: T.A. II
ANO: 2013
SEMESTRE: 02
CENTRO: CS
UNIDADE: IFCH
CURSO: Ciências Sociais
DEPARTAMENTO: DPCIS


2-EMENTA

          Richard Bauman entende por ato performático um evento comunicativo no qual a função poética é dominante e onde se produz a sensação de estranhamento em relação ao cotidiano. A performance é sempre um evento situado num contexto particular, construído pelos participantes, onde estão definidos papéis e maneiras de agir e falar.  Como defende Schieffelin, diferentemente dos estudos clássicos sobre rituais, o paradigma da performance não procura construir interpretações a partir do conteúdo semântico dos símbolos, pelo contrário, atenta para o temporário, o emergente, a poética, a negociação de expectativas e a sensação de estranhamento do cotidiano. A função poética do ato performático ressalta o modo de expressar a mensagem e não o seu conteúdo.
           Do ponto de vista dessa estrutura formal a performance é uma categoria universal, pois corresponde a eventos que acontecem em todas as culturas. E, sendo a cultura necessariamente pública, pois coletiva, ela é passível de ser inscrita, representada. Essa representação é linguagem e como linguagem ela pode ser um traço visível, por exemplo, a imagem. Portanto, a imagem é um dos planos privilegiados para pensar teoricamente a cultura, pois a imagem jamais é um ato de pensamento sem sujeito. A imagem como cultura mostra a forma do social, essa estética social é um dos aspectos por excelência do plano das análises da performance. Nesse sentido, este curso de Performance e Imagem tematiza a relação entre esses dois campos de estudo e aponta para suas interseções e problematizações, principalmente com relação aos estudos contemporâneos sobre arenas interculturais.
          No atual contexto pós-colonial, como propõe Bauman e Briggs, o campo da performance deve examinar criticamente os eventos performáticos com relação a recursos estilísticos heterogêneos, significados contextualizados e ideologias conflitantes que emergem em momentos de crises e mudança. Momento onde a dialogicidade, contextualização e intertextualidade são expressão de negociações de poder na promoção e reinvenção das tradições. Desse modo, a análise passa da preocupação com padrões normativos e conteúdos simbólicos para a emergência dos significados na interação social, inclusive em situações específicas que envolvem atores e interesses bastante heterogêneos. Nesta perspectiva, as negociações do poder se realizam através da poética e da política do discurso e da imagem.



3-AVALIAÇÃO

A disciplina será conduzida através da apresentação dos textos e filmes pelo professor. Após a apresentação @s estudantes serão convidad@s a exporem suas impressões e dúvidas sobre o texto e/ou filme.
Tod@s @s estudantes deverão participar dos debates e leituras.
A avaliação será realizada através de resenhas críticas e trabalho, além da participação e frequência em sala de aula.


4-CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

01 ª aula
Apresentação do Curso
I Parte: Antecessores... e Paralelos
02 ª aula
Introdução: A troca e o rito (política, objetos, imagens e encenações)
MAUSS, M. (1974) [1923 - 24]. Ensaio sobre a Dádiva. Forma e razão da troca nas sociedades arcaicas. In: Sociologia e Antropologia. v.II. São Paulo: Edusp.
Filme:
The Feast (1970). Dir.: Timothy Asch.
03 ª aula
Sociedade e Política: Espetáculo e Rito
GEERTZ, Clifford. (1980). Capítulo IV – Afirmação política: Espetáculo e cerimônia. In: O Estado-Teatro no século XIX. Lisboa.
______, Clifford. (1989). A Briga de Galos em Bali. In: A interpretação das culturas, Rio de Janeiro: LTC Editora.
Filme:
The Cockfight (1996). Dir.: Jud T. Marrs
04 ª aula
Imagem e Persona: Estudos de Performance e Ritual
SAMAIN, Etienne. Balinese Character (re)visitado. Uma introdução à obra visual de G. Bateson e M. Mead. In ALVES, André Os Argonautas do Mangue. Campinas: ed. UNICAMP, 2004, p. 17-80.
Leitura Complementar:
BRANDÃO, Ranieri. (2011). Um espelho no Haiti. In: Filmologia [disponível em: http://www.filmologia.com.br/?page_id=3116]
Filmes:
First Day New Guinea Baby; Childhood Rivalry; Trance and Dance in Bali; An ecology of mind. [Dir.: M. Mead & G. Bateson]
Im Spiegel der Maya Deren [Dir.: Martina Kudlacek, 2002].
           
05 ª aula
A Antropologia da Dança.
HANNA, Judith Lynne. (1999). Dança, Sexo e Gênero: Signos de Dominação, Desafio e Desejo. Rio de Janeiro: Rocco, pp. 27-78.
Filme: Vários Videodança
06 ª aula
A imagem-ritual de Rouch
GONÇALVES, Marco Antonio. (2008). Filme-ritual e etnografia surrealista: os mestres loucos de Jean Rouch. In: O real imaginado: etnografia, cinema e surrealismo em Jean Rouch. Rio de Janeiro: Topbooks.
CAIXETA DE QUEIROZ, Ruben. Jean Rouch: o sonho mais forte que a morte. Devires. Belo Horizonte, v. 2, n. 1, p. 110-147, jan-dez, 2004.
Leitura Complementar:
QUILICI, Cassiano S. (2004). Antonin Artaud: Teatro e Ritual. São Paulo: Annablume; Fapesp. [Cap. 01 e 04].
Filme: Os mestres loucos (1955). Dir.: Jean Rouch.
II Parte: A constituição do campo da Performance
07 ª aula
Imagem: ícone, símbolo e ritual
VAN GENNEP, Arnold. (2011). Os ritos de passagem. Petrópolis. Editora Vozes.
TURNER, Victor. (2008). Dramas, campos e metáforas. Ação simbólica na sociedade
humana. Niterói. EDUFF.
08 ª aula
Performance e o pós-modernismo
LANGDON, Esther Jean. (2007). Performance e sua Diversidade como Paradigma Analítico: A Contribuição da Abordagem de Bauman e Briggs. Antropologia em primeira mão. Florianópolis. PPGAS/UFSC.
BAUMAN, Richard e BRIGGS, Charles. 20?.  “Poética e Performance como perspectivas criticas sobre a linguagem e a vida social.”  Ilha. Revista de Antropologia. n? v.??185-229.
Filmes:
Os Catadores e Eu (2000). Dir.: Agnès Varda.
Gatos Empoleirados (2004). Dir.: Cris Marker
Ensaio fotográfico:
Pañuelos. De Fernando de Tacca.
09 ª aula  
Fronteiras Étnicas: invenção de tradições e performance.
ALBUQUERQUE, M. (2011). Introdução: A Cena; Capitulo VI – Ato Performático: Política Cultural e Experiência da Etnicidade. In: O regime imagético Pankararu: Tradução intercultural na cidade de São Paulo. Tese de Doutorado, PPGAS/UFSC.
Filmes:
The Shutka Book of Records (2005). Dir.: Aleksandar Manic.
São Paulo: A terceira margem Pankararu (2009). Dir.: Marcos Albuquerque
10 ª aula
Pós-Colonialismo: imagens e alteridade.
SHOHAT, Ella e Robert STAM. 2006. 1: Do eurocentrismo ao policentrismo.” In: Critica a Imagem Eurocêntrica. São Paulo, p11-88.
Filmes:
Trobriand Cricket: An Ingenious Response to Colonialism (1976). Dir.: Jerry W. Leach
Cannibal Tours (1988). Dir.: Dennis O'Rourke
The Couple in the Cage. Dir.: Paula Heredia & Coco Fusco (1997).
11 ª aula
Performatividade: Estratificações sociais... gênero, raça, classe...
BUTLER, Judith. (2003). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira.
Filmes de Trinh T. Minh-Ha e Marguetire Duras.
12 ª aula
Rito e Imagens cruzadas: a produção social da diferença
TACCA, Fernando de. (2009). Imagens do sagrado: entre Paris Math e O Cruzeiro. Campinas, SP: Editora da Unicamp, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. 
13 ª aula
Performance, Teatro,... Rua!
SCHECHNER. R. (2012). A rua é o palco. In: performance e antropologia de Richard Schechner. Rio de Janeiro; Ed. Mauad X, pp. 155-198.
____________, R. (2011). Pontos de contato entre o pensamento antropológico e teatral. Cadernos de Campo (USP), São Paulo, n. 20, 2011, p. 213-236.
Vídeos:
Performances de Hélio Oiticica.
"Poro: intervenções urbanas e ações efêmeras".
Nós te saudamos Sarajevo. De Jean-Luc Godard.
La 6ème Face du Pentagone (27mn) Dir.: Chris Marker et François Reichenbach
14 ª aula
Etnoficção
PIAULT, Marc Henri. Real e ficção: onde está o problema? In: KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro (org.). Imagem e Memória: ensaios em Antropologia Visual. Rio de Janeiro: Garamond, 2001.
GONÇALVES, Marco Antonio. O real imaginado: etnografia, cinema e surrealismo em Jean Rouch. Rio de Janeiro: Topbooks, 2008. (capítulo 2).
Filme: My Kid Could Paint That (2007). Dir. Amir Bar-Lev.
Transfiction. Dir.: Johannes Sjöberg
Eu, um negro. Dir.: J. Rouch
15 ª aula
Discussão dos Trabalhos Finais*
* O trabalho final é de temática livre, porém deve ser redigido em diálogo com os temas do curso. Entre 15-20 laudas.