TEMA:ANTROPOLOGIA
DO MEIO AMBIENTE
PROF. RESPONSÁVEL: Rosane M. Prado
HORÁRIO:
Quintas T1-T4
PERÍODO
2014-1
CRÉDITOS 4 - 60 HORAS-AULA
EMENTA
Discursos e
práticas “ecológicas” correspondem a um plano de normatização fortemente
presente na contemporaneidade, e que tem sido objeto de estudo e tema de uma
avassaladora literatura que vem se acumulando.
Pode-se dizer que tem havido nos tempos recentes – mais claramente a
partir da década de setenta do século XX – uma espécie de “ecologização” da
vida, que se manifesta nas preocupações com o “meio ambiente”. Nesse contexto, por um lado, se constata uma
pretensão de civilizar ecologicamente “o outro”. A marca do ecológico – o prefixo “eco”, o
verbo “ecologizar” – é como um selo de garantia, seja de positividade, seja de
importância de um fato ou questão. Por
outro lado, se é possível reconhecer aí uma ideologia ambientalista que emana
de certos pólos no Ocidente, há também expressões diferenciadas, rebatimentos e
conversões dessa ideologia, conforme diferentes configurações sócio-culturais.
Neste curso, a partir da perspectiva da antropologia social,
serão abordados, de um lado, essa ideologia ambientalista e suas pretensões
universalistas, e de outro lado, as traduções e apropriações variadas desse
sistema de valores ecológicos. Trata-se
de avaliar os próprios conceitos de meio ambiente, ecologia e temas correlatos,
focalizando as referências históricas e culturais dos mesmos; de considerar a
percepção e os significados de meio ambiente/ecologia segundo diferentes visões
de mundo e saberes locais. As
perspectivas da etnoecologia (ecologias nativas ou específicas) e do etnodesenvolvimento
(desenvolvimento para as populações
nativas/locais) serão examinadas, tendo como pano de fundo a relação entre o
que se pode chamar de “ideologias ecológicas/ambientalistas” e as “visões
nativas/locais”. Nesse sentido, serão
focalizados estudos de casos, em especial referentes ao Brasil e aos impasses
em torno das populações que habitam áreas protegidas.
BIBLIOGRAFIA
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